Ele devia ter uns 75 anos ou mais. Creio que bem mais que isso,
ao menos era o que me demonstrava sua aparência. Marcas profundas no rosto. Pele
maltratada pela vida dura.
Quem conhece a capital do Piauí sabe que do centro da cidade ao
aeroporto são apenas uns dez minutos. Em horário de
pico uns quinze. Foi este o tempo da conversa entre eu e o taxista.
Ele ouvia música local, eu comentei a respeito,
fiquei sabendo que era um cantor evangélico. Esta foi a deixa para ele começar
a falar de sua vida, aquele CD havia sido presente de uma ex namorada, foi ela
quem o levou pela primeira vez a uma igreja, já com mais de 60 anos de idade. Falava
com carinho da ex mulher, que havia sido uma pessoa importante na sua recuperação.
Recuperação? Calado, continuei ouvindo seu relato.
Ao levá-lo para a igreja a mulher mudou sua
vida. O relacionamento do casal findou, mas o dele com a igreja permaneceu.
Deixou para trás um monte de coisa errada que fazia,
dizia ele, agora era outra pessoa. Não contou detalhes das coisas erradas
que fez, nem eu perguntei, ficaram em minha imaginação.
Tive grande simpatia por aquele Senhor que, de forma sentida e franca, me expôs
detalhes de sua vida naqueles dez ou quinze minutos. Bonita a história
daquele taxista e sua relação com a igreja. Tenho ciência
do belo trabalho que muitas igrejas evangélicas, e outras, fazem pela recuperação
de pessoas como ele pelo Brasil afora.
Lembrei de alguns comentários que já li,
difamatórios, principalmente em redes sociais, criticando pastores e
fiéis evangélicos. E outras religiões
também. Não quero entrar no mérito do que motiva tantas críticas
e, claro, respeito o direito de opinião de cada um. Mas quaisquer motivos
que possam existir para tais críticas a meu ver perdem totalmente a
relevância diante de algo tão marcante, bonito, grandioso, como a
recuperação da vida daquele senhor, que conheci anos atrás,
num táxi em Teresina.
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