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Foto: Ricardo Veloso |
Saí de São Paulo antes das 5 da manhã, em direção a Bauru. Castelo Branco às escuras, envolta em brumas volta e meia, névoa que o farol do carro denuncia. Logo fica mais espessa, longa, duradoura treva. Ponho o farol baixo e observo, deixo a névoa em paz, sem expô-la, apenas com a tez que lhe dá a noite. O fog tem cor, ou a manhã a tem, uma certa luminescência se apresenta. Uma turva luz, ou quase luz, começa a brotar. Que belo, que lindo, algo especial, deleitoso, meio fantasmagórico. A manhã dá mostras de sua futura presença, ilumina o negrume, aos poucos, grão por vez, a ponto de eu duvidar se era, de fato, luz. Passei o dia em Bauru e voltei a São Paulo no fim da tarde. Escureceu no caminho de volta. Em certo momento, já com a noite instalada, tive a visão, que visão ! Ela, que estava a me esperar após uma curva, se mostrou em majestosa presença. A lua, linda lua. Não qualquer lua, mas a lua em sua melhor forma, em sua maior beleza, enorme, próxima ao horizonte, amarela, linda, linda, me sorriu. Sorriu para todos nós. Humanos que somos, para nós Deus se mostrou novamente, nos sorriu através dela, da lua. Que Deus maravilhoso é este, que nos mostra quão pequenos somos, e por conseguinte quão pequenos são nossos problemas, diante do tamanho esplendor de sua obra, seja na luz singela da manhã ou no fulgor de uma lua de beleza imensa. Todos os dias Deus nos faz saber que, mesmo pequenos, merecemos tamanha beleza. Nos brinda com imenso espetáculo, o espetáculo de seu amor, incondicional, independente de quão mínimos sejamos diante do Pai. A todo instante Deus nos faz lembrar de seu amor, por nós, por todos nós.
P.S.: Esta viagem ocorreu em maio de 2009. Para quem não sabe a Castelo Branco é uma das rodovias que ligam São Paulo capital ao interior do estado. Chegando de volta à capital, ainda na estrada, abri o notebook e escrevi este texto. Para mim este texto tem uma importância muito grande. Por representar uma época muito especial, mas não só por isso. A simplicidade de uma observação do meu entorno, durante a viagem, mostrou-se uma metáfora da minha vida. Minha vida da época, e de agora, ao trazer sensações, suaves texturas de um futuro otimista, vislumbre do tempo que virá. E a presença, marcante, absoluta, de Deus em minha vida, a ponto de ao escrever estas linhas, agora, as lágrimas se aproximarem. Que a escuridão seja superada, que a névoa se dissipe, e que mais e mais eu consiga observar, alcançar, a luz. Intensa luz. Como a de uma lua de imensa beleza.