terça-feira, 31 de março de 2015

Ela chorou


Foto: Waldir C. Marinho

Meu Deus. 
As palavras vieram, assim, inesperadas. 
Atingiram-me a alma.
"Quando meu filho foi morar em São Paulo, eu chorei".
"Ninguém viu, mas eu chorei".
De forma doce, como tudo o que ela fala e faz, disse estas palavras, timidamente, tão suavemente, como se acanhada em confessar a sentida emoção.
Já se vão quase 15 anos em que saí do Rio e fui para São Paulo, e minha mãe nunca havia falado nada parecido para mim.
Ah, mãe.
Ah, minha mamãe.
Teria bastado uma frase.
Meu filho, não vá.
Não vá.
Mas eu fui.
E, agora sei, ela chorou.
Eu também.