sexta-feira, 24 de abril de 2015

A geração KKK



Eu me dirigia à padaria próxima de minha casa imerso em pensamentos sobre um fato social que me tem perturbado ultimamente.
Quem sou eu para julgar alguém, mas é que esta realidade vem me incomodando
 muito.
Bem, é o seguinte, é que tenho visto hoje em dia, como posso dizer, uma espécie de, idiotização, nas comunicações sociais, é isso.
Será que fui muito severo nesta minha opinião?
Vai saber, mas atualmente está demais, demais.
Deixa eu tentar explicar.
Isso ocorre principalmente nas redes sociais, em especial no WhatsApp, mas também no Facebook e em outras.
É um tal de piadinha pra cá, vídeozinho prá lá, fotinha engraçadinha, desenhinho bobinho, como se uma grande parte das pessoas não levasse mais nada a sério.
Creio que isto ocorre bem mais entre os jovens.

Um envia um vídeo, os outros comentam, dão risadinhas, respondem com comentários ainda mais frívolos, enviam outros vídeos, mais risadinhas, e assim vai.
Isso tudo adornado pelo uso sofrível da língua portuguesa.
É "KKK" pra cá, "KKK" pra lá. 
Inutilidades diversas.
Se fizerem uma estatística a respeito, eu me pergunto, qual será o percentual de futilidades que são trocadas, minuto a minuto, nas mensagens do WhatsApp?
Eu me arrisco a dizer que perto de 90% das mensagens postadas são pura bobagem.
Onde estão as ideias, as discussões, onde foram parar as reflexões? 

Cadê as conversas sobre literatura, sobre filosofia, sobre arte, sobre religiosidade? 
Os assuntos edificantes? A consciência moral?
Porque tamanha superficialidade?
Porque?
Entrei na padaria em meio a estas reflexões.
Ao aproximar-me do balcão, uma surpresa. Um rapaz, de uns 20 anos ou menos, sentado com um livro ao lado. Dostoiévski. Será? Um garoto tão jovem lendo este escritor? O livro era "O idiota". Imaginem a cena, totalmente sugestiva para meus pensamentos do momento. Perguntei se era ele quem estava lendo aquele livro, confirmou. "Parabéns" - não me contive. Falei a ele de minhas últimas reflexões, trocamos algumas palavras e nos despedimos.
Nada está perdido, pensei, aquele rapaz se transformou numa espécie de herói, alguém que vai salvar o mundo de tanta idiotice.
Fiquei até um pouco incomodado, afinal eu mesmo nunca li Dostoiévski, rs.
Pois é.
Opa, acabo de ouvir aquele som característico, deixa eu olhar meu celular, recebi uma mensagem no WhatsApp.
Um vídeo, vou clicar play.
Até que é bacaninha este vídeo.
Deste estou gostando.
Bom mesmo.
Está quase chegando no final.
Que engraçado!
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK