quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O caminho


Foto: Waldir C. Marinho


Há mais de dois mil anos nos foi apresentado o caminho
O único
Amor

O querido apóstolo Paulo nos ofertou verdades tão lindas.

"O amor é paciente, 
é benigno,
não se arde em ciúmes,
não se ufana, 
não se ensoberbece.
O amor não se conduz inconvenientemtente, 
não procura os seus interesses, 
não se exaspera, 
não se ressente do mal.
O amor não se alegra com a injustiça,
mas regozija-se com a verdade.
O amor tudo sofre, 
tudo crê, 
tudo espera, 
tudo suporta."
(Coríntios 1, cap. 13)

Se fui ofendido
Mas se eu amo
Perdôo

Se eu amo nem enxergo a ofensa

Tudo se resolve
Tudo se alcança
Basta amar

Vejo pessoas queridas que não se entendem
Que elas se entendam
Que todos nos entendamos
Irmãos que somos
É o que desejo
Do fundo de minh'alma
Neste dia de Natal




domingo, 23 de novembro de 2014

Na calçada do Hospital das Clínicas


Foto: Waldir C. Marinho

Eu caminhava, devagar, bem cedo, em paz.
Ambiente arborizado, bonito, repleto de pessoas, em grande parte familiares e pacientes do conhecido hospital.
"Ah, porque você não quer namorar com ela?", voz de mulher, sentada num banco debaixo de uma árvore. "Porque sou muito pequeno!", a resposta veio de uma criança, um menino de uns sete anos. Percebi que a sugerida namorada, a menina sobre a qual a mulher se referira brincando, era sua filha, de idade semelhante à do menino. A menininha era especial e observava a cena em sua cadeira de rodas, enquanto o menino brincava, pulava, corria no entorno. Ele era 'normal' segundo os olhos da sociedade. "Só quando eu crescer", o menino acrescentou. Todos sorriram. Fiquei imaginando a luta daquela mãe procurando inserir sua filha num contexto social. Busquei na face da mulher o que escondia seu sorriso, uma nota triste me alçou a alma, imaginei como seria aquela conversa dali a uns dez anos, quando as crianças não forem mais crianças, quando a realidade adulta, com toda sua hipocrisia e crueldade, se impor.
Mais à frente uma outra criança especial, agora um menino, também em uma cadeira de rodas e com sua mãe ao lado. Olhou para mim. Aparente patologia mental lhe trazia um esgar ao rosto. Ao topar com ele, com seu olhar, abri um sorriso. Costumo fazer isso quando vejo pessoas com deficiências ou com doenças graves. Fico imaginando como deve ser difícil, como deve doer no peito, estar na situação destas pessoas que além de suas condições difíceis ainda frequentemente acabam por perceber nos outros olhares de repulsa. Por isso, ao encontrar pessoas assim, tenho este hábito, procuro oferecer de imediato meu sorriso.
Depois vi, em meio a várias pessoas, uma menininha com um fino tubo plástico nas narinas, como aquela menina do livro "A Culpa é das estrelas". Fiquei torcendo que não fosse o mesmo caso, afinal não visualizei o cilindro de oxigênio como aquele que a protagonista do livro carregava pra lá e pra cá. Tomara fosse outro o motivo daquele tubo, pensei. Passei pelo grupo, pela menininha, observando, e aí pude perceber nas mãos da mãe da menina alguma coisa colorida. Era algo envolvido em crochê azul, rosa, amarelo, verde. Pesado. Era o cilindro de oxigênio, multicor, disfarçado na tentativa de humanizá-lo. Talvez fosse o mesmo caso do livro, enfim. Nova nota melancólica vibrou em mim. Ela tinha uns 5 anos.
Caminhar por este lugar me coloca em outra perspectiva.
Em outro prisma de consciência.
Problemas, eu? Que nada.
Quantas pessoas, tantas, precisam de ajuda, de muita ajuda, neste mundo de Deus.
E quem as ajuda? 
A sociedade precisa ter mais compaixão, mais solidariedade, precisa mudar.
O ser humano precisa mudar.
Eu preciso mudar.
Passou por mim um homem caminhando apressado, com uma camisa listrada, falando ao celular. "Então, eu preciso de cinquenta reais", disse ele, enquanto em passadas rápidas seguia adiante. E continuou, "é que minha filha acabou de falecer e está faltando este valor para completar o pagamento do sepultamento".
Desta vez interrompi meus passos.
Observei o homem, em sua camisa listrada, ainda falando ao celular, desaparecer em meio à multidão.
A seguir tive o ímpeto de ir atrás dele, nem sei para fazer o que, para emprestar dinheiro talvez, saí andando apressado. 
Procurei e procurei, chegando próximo a uma esquina movimentada. 
Não mais o encontrei.
Fiquei ali, olhando as pessoas.
Parado.
Calado.
Em profunda reflexão.
Na calçada do Hospital das Clínicas.







domingo, 12 de outubro de 2014

O prêmio da tia Wanda


Foto: Waldir C. Marinho

Observava as imagens que passavam, ruas, carros, casas, pessoas. Pequenino, quase não conseguia alcançar a janela de trás do Passat branco. Seria mesmo um Passat branco? Já não tenho tanta certeza. Meu pai teve vários automóveis por estes anos todos, mas naquela época creio que o Passat era o preferido, e se não era branco, era bege. Todos os domingos, final da manhã, sempre o mesmo trajeto. Na época não havia ainda o Metrô naquela região da cidade, então da Av. Monsenhor Félix meu pai entrava direto na Automóvel Clube, onde hoje fica a estação, e após percorrer um trecho conseguia virar à esquerda, lá na frente, entrando na Rua Coronel Vieira pela parte de trás. Como a Coronel era mão única somente podíamos chegar ao nosso destino dando esta volta, lá por perto do Juramento. 

Lembro bem daquela curva fechada que meu pai fazia com seu Passat, saindo da Automóvel Clube e entrando na Coronel, devagar e, durante a curva, ao olhar pela janela à direita, eu podia ver duas torres de uma fábrica. Bem, eu achava que era uma fábrica. Aquelas torres pareciam dois guindastes, talvez fossem mesmo, cada uma com uma casinha amarela lá em cima. Aquilo instigava minha imaginação. Creio que aquelas casinhas eram as cabines de controle dos guindastes, eu ficava olhando imaginando pessoas lá em cima dentro daquelas casinhas, e tinha vontade de um dia poder subir lá. Essa tal "fábrica" era ao lado de onde ficava uma loja de materiais de construção, Diamantino Lucas, algo assim, quem conheceu o bairro de Irajá há mais de 30 anos atrás sabe do que estou falando. Hoje naquele local há um condomínio residencial, e creio que também há uma Telhanorte. 

Então meu pai continuava o trajeto, percorria a rua Coronel Vieira, cruzava a rua do rio, passava em frente ao Urubú Cheiroso (nome engraçado de um bloco carnavalesco que ainda existe) e depois da metade da rua, já se aproximando mais da esquina onde era o banco Banerj, hoje Itaú, chegávamos ao nosso destino, a casa de meus avós maternos. 

No Passat branco, ou bege, seguíamos eu, meu pai Waldir, minha mãe Vilma, e meus irmãos Sérgio e Mário, rumo à casa de meus avós. Domingo era dia de almoçar lá na casa deles, vó Mercedes e vô Ataualpa. O nome de meu avô dava uma história à parte. Com o nome de origem Asteca, ou Maia, ou Inca, nem sei, meu avô era homônimo de um antigo imperador. Minha avó dizia que ninguém conseguia acertar o nome dele, todas as cartas que chegavam (claro, ainda estávamos longe de usar email, WhatsApp, etc.) vinham com o nome de meu avô escrito errado. Certa vez, dizia minha vó, o erro foi um absurdo, e ela chegou a comentar com o carteiro, com a carta em mãos: - Meu senhor, eu já vi chamarem meu marido de Atalpa, de Ataulpa, de outros nomes, mas de 'atolado' é a primeira vez, rs. 

A casa era daquelas num terreno mais alto que a rua, em que é preciso subir uma escada logo na entrada. Abríamos o portãozinho metálico de cor cinza, subíamos os degraus e, pronto, chegamos!

Tomara que e não esqueça de alguém, mas vamos lá, vou tentar lembrar de todas as pessoas que frequentavam os almoços dominicais lá naquela casa. Além de minha mãe, meu pai e meus irmãos, e meus avós claro, iam também minha tia Vanir e o tio Gilson, que são meus padrinhos, o primo Gilsinho e, nossa, a prima Giselle ainda nem era nascida! Só nasceu bem depois. Também iam a tia Wanda e o tio Zeca, o primo Zé Cláudio e a prima Ana Cláudia, o tio Valmir, que na época era solteiro, o primo Humbertinho ia com frequência, a tia Stela também. Os primos Márcio e Marcelo também apareciam, com a tia Sônia e o Jurandir. A dona Maria, vizinha da minha vó também aparecia por lá, seus filhos, e também outras pessoas, familiares e amigos, quem não foi citado que me perdoe. Era uma molecada grande, todos os primos e amigos juntos, somente a Aninha de menina. Era uma farra.

O tio Valmir, o Sérgio, o Zé Cláudio e o Gilsinho, o Humbertinho também, costumavam jogar bola no quintal da frente, uma área pequena que mal dava para dar alguns passos. O Valmir no meio dos moleques vez em quando dava uns chutões, não perdoava os pequenos, a molecada se defendia como podia. Lembro do meu tio levantando o braço preparando o chute, quando ele fazia isso a turma já sabia, lá vem bomba! Rs.

Meu primo Zé Cláudio, mais velho que eu, juntava os menorzinhos em torno dele e contava histórias. 'Uncótio' era o apelido dele na época, esse era o jeito que a prima Aninha, irmã mais nova dele, chamava o irmão quando era bem pequenininha. O Zé Cláudio, ou Uncótio, contava histórias de personagens infantis que ele mesmo inventava, era muito divertido, eu adorava.

Lá pelo meio da tarde sempre começava o carteado, os adultos, normalmente os tios Gilson e Zeca, meu pai e meu avô, jogavam Buraco em uma mesa no quintal. Alguns dos moleques mais velhos, meu irmão Sérgio, o Zé Cláudio, também arriscavam por vezes jogar entre os adultos. Quando o Humbertinho estava por lá também jogavam Sueca. Ah, agora lembrei, o Seu Domingos, pai do tio Zeca, também ia lá às vezes, e ele adorava jogar Sueca.

À tarde costumávamos, junto à TV da sala, ver o Programa Silvio Santos, lembro que na época o quadro "Qual é a música?" estava no auge. Já no início da noite víamos Os Trapalhões, ríamos muito e  quando começava o Fantástico era hora de ir embora. Por vezes meus pais queriam sair antes de terminar os Trapalhões e então era um tal de "ah, mãe, pai, peraí, espera um pouquinho!".

Minha avó era filha de espanhol mas adorava fazer macarronada. Também era comum em seus almoços dominicais termos frango e carne assada. Lembro bem do momento do almoço. Todos pequeninos, cada qual com seu prato lá naquela área atrás da cozinha, ao redor daquela mesa de madeira, e um ou outro sentado no chão pois não cabia todo mundo. Para estimular a molecada que tinha dificuldade de comer direito a tia Wanda costumava prometer: - Quem comer tudo vai ganhar um prêmio! Nós todos estamos até hoje esperando o tal prêmio da tia Wanda, rs. Outro dia eu encontrei a tia Wanda, e foi muito engraçado. Eu disse a ela que, mesmo agora com mais de quarenta anos, ainda estava esperando meu prêmio, e ela me disse: - Eu ainda não te dei o prêmio não? Rs.

Algumas pessoas citadas, infelizmente, não estão mais fisicamente entre nós. Um certo tempo atrás eu passei em frente à casa, que ainda está por lá, e tirei esta foto que ilustra o texto.

Foi uma época inesquecível. Eu ficaria muito feliz, muito mesmo, que você que me lê, e que porventura tenha alguma lembrança daqueles dias, e talvez até tenha sido citado neste texto, comentasse abaixo, compartilhando suas memórias conosco. Grande abraço.




sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Dois aliens bebendo Fanta Laranja



Eu e um amigo meu, esposo de minha cunhada, conversávamos sentados à uma mesa em um aniversário de família. Na verdade eram duas mesas, colocadas juntas para abrigar várias pessoas. 
Neste dia conversamos bastante.
Sempre que encontro com este amigo falamos sobre assuntos que gostamos em comum, eu tenho o hábito de perguntar a ele, assim que o vejo: - E aí, quais são as novidades do mundo nerd? Faço esta brincadeira com ele pois o fato é que eu e ele curtimos filmes, programas de TV, livros, etc., estes e outros temas que não costumam ser muito apreciados pelo, digamos, gosto da maioria.
Talvez por este fato percebi no decorrer da festa que as mesas em torno estavam lotadas, mas as nossas, as duas, ficaram ocupadas, na maior parte do tempo, por... apenas nós dois. Duas mesas para só duas pessoas, foi o que ocorreu. 
Conversamos sobre muitas coisas. Sobre literatura. Sobre cinema. Sobre séries de TV. Sobre Ficção científica. Sobre ciência. Sobre futebol conversamos um pouco também, não muito. Sobre política idem.
Também conversamos muito sobre religiosidade e religião. Muito mesmo.
Ficamos isolados grande parte do tempo, talvez os nossos assuntos não estivessem realmente agradando aos outros, vai saber. Volta e meia alguém se aproximava, mas não ficava por ali muito tempo. Fiquei me sentindo como se fôssemos, como posso explicar, tipo dois 'animais estranhos', sentados ali, conversando sobre temas tão estranhos quanto nós dois, quem sabe.
Uma coisa que não conversamos nem um pouco foi sobre a vida alheia, de fato não falamos mal de ninguém. Também não falamos sobre a mulher dos outros, isso não. Uma outra coisa sobre a qual não falamos foi sobre sexo, este acredito que deveria ser um tema presente em outras mesas no entorno, normalmente é, mas não na nossa conversa. Estou certo que algumas pessoas ao ler este texto podem estranhar: - Mas como assim, esses caras nunca conversam sobre sexo? Bem, posso responder por mim, eu não tenho o costume de falar sobre este tema com qualquer outra pessoa além de minha esposa. No meu entender este é um assunto pertinente a mim e a ela, e pronto. Conversar sobre isso com outras pessoas seria dar a oportunidade de estimular a quem quer que esteja presente ter pensamentos, e até atitudes, pertinentes a este tema, coisas nem sempre edificantes, que não me atrairiam nada de bom. Então eu evito falar sobre isso. 
Bem, essa é minha opinião.
Estranho, não é? 
Pois é, éramos dois 'animais' esquisitos mesmo, naquela festa. 
Isso era em um sábado à noite e eu por três dias seguidos, inclusive naquele mesmo dia, vinha trabalhando das sete da manhã até umas oito ou nove da noite e dormindo muito pouco, então eu estava com muito sono na festa. Talvez se eu tomasse alguma bebida alcoólica quem sabe amenizasse meu cansaço, mas o problema é que, é que... eu não bebo álcool.
Esse meu amigo também não bebe. 
Nem eu nem ele bebemos, durante a festa, uma gota de álcool.
E olha que tinha bastante cerveja.
Pois é.
Nós éramos praticamente dois aliens, que as pessoas normais em volta olhavam, curiosas, mas talvez tivessem dificuldade em compreender.
Em certo momento da festa um rapaz de outra mesa caiu sentado no chão e espalhou salgadinhos e doces pra todo lado. Nem fiquei olhando muito para não constrangê-lo mais. Talvez tenha bebido muita cerveja, coitado. Mas nem sei bem se foi este o motivo mesmo, até porque, como eu já expliquei, eu não bebo álcool, não entendo muito bem este costume das pessoas normais, então talvez não tenha avaliado bem a situação. 
Mas Fanta laranja eu bebi bastante, vários copos.
Eu e meu amigo éramos dois aliens bebendo Fanta Laranja, é isso, rs.
Ainda bem que não somos os únicos do mundo, eu conheço outras pessoas que gostariam muito de ter desfrutado aqueles momentos ali conosco. Tudo bem, não seria um grupo muito grande, ou seria? Um amigo meu, saudoso amigo que mudou para o interior de São Paulo, se estivesse presente a conversa certamente também teria envolvido o universo dos quadrinhos, dos jogos de RPG e dos vídeo games. 
Coisas de aliens.
É isso aí.
Ah, mas como eu prefiro ser um alien. 
Demais.




segunda-feira, 11 de agosto de 2014

YES!


Domingo, bem cedo, avisto-o ao longe, junto à calçada três quadras adiante.
Eu em meu carro, ele à pé, ambos devagar, sem pressa.
Ninguém mais na rua, somente nós dois.
Ainda não o vejo em detalhes pela distância que nos separa, mas tento adivinhar, pelo horário, pelas circunstâncias, pelas vestimentas.
Um senhor de pele escura, vestindo um terno azul, camisa branca.
Tomara seja mais um.
Tomara.
Duas quadras agora nos separam.
Posso notar, ele traz uma sacola na mão direita, dessas de supermercado. 
Na mão esquerda carrega alguma outra coisa.
Passadas fortes, atravessa outra rua.
Acho que é mesmo, será? 
Espero que sim.
Uma quadra apenas.
Aproximo-me mais, agora posso ver melhor.
Tenho certeza.
YES!
Faço o gesto característico e tudo, rs.
Eu sabia! 
Mais um!
O senhor passa na calçada a meu lado, terno surrado, vestes simples, chego a ver as rugas em seu rosto. 
Uns sessenta e poucos anos, acredito.
Expressão resoluta, dignidade no olhar.
Na mão direita a sacola que já havia percebido, com alimentos talvez.
Na mão esquerda, junto ao peito, um livro, grosso, capa dura.
Uma Bíblia.
O senhor certamente dirige-se à sua igreja, para a celebração matinal. 
Pelo horário, bem cedo, quem sabe até seja um trabalhador da igreja, para os preparativos iniciais deste domingo de Deus. 
Sinto grande simpatia pelo distinto senhor, que passa a meu lado.
Neste momento ele poderia estar fazendo outra coisa.
Quantas milhares de outras pessoas, neste mesmo instante, podem estar, por exemplo, voltando de noitadas, praticando atividades menos edificantes.
Quantos talvez estejam nos bares, ou em suas próprias casas, chafurdando suas consciências no álcool, no vício.
Mas aquele senhor faz diferente.
Prossegue, firme, em direção à sua igreja.
Mergulhado em seus pensamentos, em seu mundinho particular. 
Em seu grandioso mundinho.
Só Deus sabe de suas lutas, de suas dificuldades, de seus sofrimentos.
De seus erros, sim, mas de seus inúmeros acertos.
Só Deus sabe das tentações que já conseguiu suportar.
Independentemente dos estímulos, vários, a seu redor, ele permanece, no rumo, na luta, em meio ao caos.
Continua, segue, em direção ao seu objetivo.
Remando contra a maré.
Mas faz a sua parte.
Firme.
Vejo-o passar, em admiração.
Em agradecimento.
Mais um.
Mais um guerreiro da luz.




P.S. Para ficar bem claro, pra mim não importa a crença. No caso que citei no texto era certamente um senhor evangélico, mas poderia ser católico, judeu, espírita. Poderia até mesmo ser alguém que se considera ateu. No meu entender o que importa é a a atitude, de agir com caráter, de respeitar a família, de ser um bom exemplo, de prosseguir no bem. De resistir a tantos convites contrários e, em meio à treva, ser um foco de luz. 








sábado, 31 de maio de 2014

Presente


Foto: Waldir C. Marinho

E mesmo em tão áridos momentos
Oferta-me
Bela flor

Embora tais vãos sentimentos
Permite-me
O amor

E sem qualquer merecimento
Alcança-me
Senhor





P.S.: Em um momento um tanto atribulado, mente dispersa, confusa, problemas, de repente observo por entre as rachaduras no piso de um estacionamento uma flor, vencendo barreiras ao se desenvolver em meio ao caos. Atingiu-me em ternura e me fez refletir que aquela bela visão que pude perceber e valorizar mesmo imerso em uma situação mental problemática, trazendo-me um pouco de paz, era em si mesma semelhante à própria existência da flor naquele chão sujo; um oásis, beleza no meio da confusão. Foi como, num dia triste, receber um inesperado presente. Sentindo-me assim grato por ser alcançado desta forma, veio-me esta poesia. A foto que ilustra o texto registrei no exato momento relatado acima.



segunda-feira, 28 de abril de 2014

Ontem


Ontem, domingo à tarde, depois de almoçar fora passei rápido em casa para pegar umas coisas e sair novamente. Minha filha estava comigo e quis descansar um pouco enquanto eu me aprontava. 
Na hora de sair vi que ela estava deitada em sua cama com os olhos fechados. 
Fiz-lhe um carinho dizendo que era hora de ir, e ela me disse estas palavras: 
- Pai, eu me lembro que uma vez eu estava lá no colégio Primeiro Mundo vendo um filme enquanto te aguardava para ir pra casa, e quando você chegou eu fingi que estava dormindo. Aí você me pegou no colo e disse 'Não sabia que alguém dormindo sorria assim', e aí eu comecei a rir e abri os olhos, você lembra disso Pai? 
Após ela dizer isso eu confirmei que sim, eu lembrava, dei-lhe vários beijos, e fiz um gesto como se fosse pegá-la no colo novamente. Ela sorriu, trocamos olhares, nos abraçamos, foi um momento bonito. Na lembrança que teve da época do colégio ela era bem pequenina, uns 4 aninhos. Hoje está com 15, uma moça linda.
Eu lembrei, de fato, de tudo o que ela disse, tenho pensado muito nisso desde ontem. Não apenas imagens distantes afloraram, mas sentimentos, saudades.
Agora reflito, quem sabe ao se deitar em sua cama, neste domingo, com os olhos fechados, minha filha imaginou-se pequenininha novamente. Talvez quisesse ter 4 aninhos de novo, brincando, sorrindo, no colo do papai. 
Difícil explicar o que sinto agora.
Hoje pela manhã, durante minha oração matinal, caí totalmente em mim.
Chorei, chorei, chorei. 






sexta-feira, 18 de abril de 2014

O campanário


Foto: Waldir C. Marinho

Aqui estou na praça central de uma pequena cidade do interior de São Paulo. Oito horas da noite, domingo de carnaval. 
Muitas pessoas, em grupos, conversam, riem, algumas dançam, ao som alto que chega de um palco próximo. Defronte ao palco a maior aglomeração. Músicas tocam, os últimos modismos musicais, destes que volta e meia atingem o país inteiro. Vejo várias pessoas se movimentando em uma mesma dança, uma espécie de coreografia, como ocorre com tantas músicas hoje em dia. Chego a ver até uma criança de menos de cinco anos de idade imitando a tal dança, com insinuações sexuais, imaginem, e os adultos à volta da criança estimulando tal coisa, rindo muito. Pessoas bebem álcool, e como bebem. Bebem e bebem, por toda a parte. Imagino que além de álcool outras coisas menos recomendáveis também estejam sendo usadas, vai saber. Em dado momento passa um bloco carnavalesco, som altíssimo, instrumentos típicos, passistas, fantasias, carro de som, à frente algumas pessoas sambando no asfalto, seminuas. Música, festa, dança, paquera, barulho. Pessoas agindo de forma desrespeitosa para com o próximo, atitudes de leviandade, despudor, irresponsabilidade, etc.
Reflexivo, calado, observo tudo o que ocorre em meu entorno ali nesta praça. No carnaval parece que surge uma espécie de regra social, todos devem ficar "felizes". Algum tipo de euforia contagiosa parece atingir a todos. As pessoas são contaminadas por tal movimento, motivadas por valores estranhos, algo a meu ver fútil, superficial, efêmero. No meu entender o que todos sentem é muito distante da real felicidade. Ilusão. 
Por vezes tenho uma sensação, nem sei explicar bem, de desconexão com o que vejo à minha volta. Neste carnaval, ali nesta praça, no interior de São Paulo, este sentimento fica exacerbado. Tantas coisas incompreensíveis para mim são valorizadas pelas outras pessoas, ao extremo. Ao observar estas pessoas sou atingido por esta sensação. 
Desconexão. 
Pareço não pertencer a este lugar. 
Em meio a tanta gente, sinto certa... solidão.
De repente, por algum motivo, tenho o ímpeto de desviar o olhar daquilo tudo, olho mais para o alto e tenho uma visão diferenciada. Por sobre as copas das árvores da praça vejo o campanário de uma igreja próxima. E na parte mais alta da torre, contrastando com o céu noturno, uma bela e iluminada cruz. 
A cruz de Jesus.
Observo por alguns instantes aquela imagem, bela imagem, que me traz paz.
A visão do campanário me faz, aos poucos, sentir-me melhor.
Logo estou, timidamente, sorrindo.
Durante o tempo em que permaneço na praça por algumas vezes procuro aquela linda vista, o campanário iluminado.
Meu íntimo se modifica, vou ficando mais paciente, mais calmo.
Mais consciente de outras coisas que não havia ainda percebido.
Também há beleza nesta praça.
Pessoas amigas, em atitudes de confraternização.
Lindas árvores.
Idosos.
Crianças brincando.
Alegria, sincera, simples, inocente.
Sorrisos.
A sensação de desconexão vai gradativamente findando.
Aos poucos vou conseguindo absorver o que há de melhor nestes momentos, também bons momentos, e eu estou junto a pessoas muito queridas, que merecem a minha plena, generosa, companhia.
Começo, enfim, a conseguir também me divertir.
E, afinal, a minha presença neste local, que abriga coisas boas e também coisas não tão boas, não deve ser à toa.
Se aqui estou nesta praça certamente é porque sou parte integrante dela.
É exatamente onde eu devo estar.
Acima, só o campanário e sua cruz.
Acima, só mesmo Jesus.




P.S.: Ao aproximar-me da igreja pude registrar esta foto que ilustra o texto.





sábado, 15 de março de 2014

Quinto ano!


Foto: Waldir C. Marinho

Pois é, entramos no quinto ano do blog. 

E justamente quando chega o quinto ano acabei por dar uma pausa como nunca ocorreu antes. Desde novembro de 2013 eu não publicava nada por aqui. Será que alguém notou? Acho que não, rs. Bem, eu notei, e fiquei incomodado com isso. Creio que passei por algum tipo de crise criativa. Que crise que nada, não foi algo tão pretensioso assim, esse tipo de coisa é para escritores de verdade, rs.

Mas o fato é que, por uma série de circunstâncias, parei de postar no blog. Detesto alegar falta de tempo, o correto é afirmar que priorizei outras coisas. Mas não posso fazer mais isso, parar como parei por tanto tempo, pois adoro escrever, me faz muito bem, e eu quero acreditar que isso também pode fazer bem a outras pessoas.

Este espaço aqui começou, em 2010, como um registro de minhas impressões da vida, um desabafo, um divã. E agora, depois de tanto tempo, os textos refletem... minhas impressões da vida, desabafo, divã. Rs. Não há como ser diferente. Pois é, quem escreve sabe, escrevemos para os outros ao escrever para nós mesmos.

Foram inúmeros textos, mais de 13 mil acessos, só tenho a te agradecer. Muito obrigado, caro amigo, cara amiga, por me ler. Muito obrigado mesmo, de coração.

Quero, agora, aproveitar este nosso canal, já que me brindou com a honra ler este texto até aqui, para tomar a liberdade de te fazer um pedido. Permite? Peço que, quando resolver conceder-me o prazer de ler o que escrevo aqui neste blog, dê sua opinião, ok? Claro, quando tiver tempo. Pode ser comentando no próprio blog, pode ser comentando no link do Facebook, curtindo o link, compartilhando, ou de qualquer outra forma. Peço isso pois é muito gratificante receber opiniões sobre o que escrevo, ter um feedback, isto me motiva a escrever mais. Quando puder dar sua opinião ficarei muito grato. Obrigado!

Pois bem, tenho coisas a relatar, prosseguirei.

No próximo mês postarei novidades.

Até lá!