quinta-feira, 12 de maio de 2016

Nada


Saí de casa, amanhecia.
Primeiros raios da alvorada por sobre as casas ainda às escuras.
Vi pessoas caminhando, ao trabalho, sozinhas em seus mundos.
Crianças, já com uniformes do colégio, tão cedo.
Um senhor caído na calçada, dormindo, naquele momento devia estar em sua casa, não ali, no frio.
Respirei fundo, em silêncio, sem maiores reflexões.
Uma criança encontrou-me no olhar, enquanto seguia seu caminho, vestes simples, por breve instante a conexão.
Ou quase.
Poderia até me importar, me comover. 
Deveria.
Quase até consegui, nem sei.
Até tentei, por vezes, registrar, escrever alguma coisa, tirar de mim algum sentir, mas não.
Só a angústia que me entorpece a mente, me anula o peito, paralisa a alma.
Nada.