segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Esperança


Quando eu tinha lá meus 15 anos li pela primeira vez “Fernão Capelo Gaivota”, um livro que marcou minha juventude. Do mesmo autor, Richard Bach, li outros livros. Um deles bem pequeno de nome “Longe é um lugar que não existe”.
Nesta história o personagem principal passava as poucas páginas do livro em uma jornada, encontrando diferentes personagens, situações, lugares, pelo caminho. Ao despedir-se de uma situação para continuar sua caminhada sempre acabava topando com um novo personagem, um novo lugar, uma nova situação. Simples assim era o livro, não lembro bem como era o final, mas permaneceu esta lembrança que conto agora para vocês.
O que mais ficou em mim deste livro, algo que agora a memória me traz, não foi exatamente o que o autor quis enfatizar. Vou tentar explicar.
A vida nos reserva muitas alegrias, mas nos prega também algumas peças. Acontecem-nos perdas. Sem nada planejarmos, sem nossa intenção, tristezas ocorrem, e por vezes nos sentimos totalmente despreparados para passar por estas situações.
Nesta caminhada encontramos pessoas, procuramos deixar marcas, influenciar de alguma forma as vidas destas pessoas. Gosto de acreditar que deixo impressões nestas almas que encontro em meu caminho. E algumas dessas pessoas são especiais, com as quais decidimos compartilhar mais, trocar mais, formar algo concreto, construir um lar, uma família, um consistente laço emocional.
Desejamos o bem, procuramos fazer o bem, esperamos o bem em troca.
Mas mesmo assim por vezes somos obrigados, pelos fatos da vida, a nos afastar de pessoas mesmo que não queiramos. E este afastamento pode ser traumático.
Foi o que aconteceu entre eu e minha ex esposa, em meu casamento, hoje findo. Minha realidade mudou de uma hora para outra e isso me deixou um tanto perdido.
Nos distanciamos, mais e mais, de situações, lugares, experiências, de um amor, que antes era importante, mas agora já não mais, passou, se foi, nos foi tirado, pelos revezes da vida.
E aí vem um período de mágoa, de perda, de desequilíbrio, de dor. De distância.
Mas depois de certo tempo, vivo isso agora, percebo e acabo por concordar com a idéia que me ficou do livro. Na verdade somente agora construí esta percepção daquela história que li há anos atrás.
A distância não acontece, nunca estamos realmente distantes, de uma forma relativa, porque... ao nos afastarmos de uma situação, anterior... nos aproximamos de outra, de uma nova. Nos afastamos, e nos aproximamos. Quanto mais distantes de uma realidade mais próximos estamos de uma nova.
Nossa visão parcial, imediatista, diante de um problema, muitas vezes nos dificulta acreditar na amplitude da alegria que o futuro nos reserva.
Em meu ver esta é uma mensagem de esperança.
É o que penso, em relação à mim, mesmo que eu ainda não consiga ver, adiante, o que está por vir.
Permitam-me este relato bem pessoal. Mas eu acredito que esta idéia pode se empregar em outros casos, em diferentes perdas. Estas que acontecem todos os dias com tantos.
Claro, há problemas muito complicados, muito difíceis de superar. Cada pessoa com sua própria realidade. Mas realmente acredito que esta mensagem se aplica de alguma maneira a todas as situações.
Lembro agora as palavras de uma música religiosa, muito bonita.
Diz esta música: “Deus tem o melhor para mim. O que perdido foi não se compara com o que há de vir.”
Acredito nessas palavras.
Perdas acontecem, faz parte da vida. Se vocês estão se sentindo tristes sei de algo que pode lhes ajudar, independente de quaisquer crenças que tenham.
Em momentos de tristeza procurem rezar, um “Pai Nosso” por exemplo ou alguma outra que conheçam. Ou ainda, se conseguirem, façam algo mais íntimo, em momentos de reflexão usem suas próprias palavras se dirigindo ao ‘alto’, e peçam tranqüilidade, calma, peçam a solução. De preferência façam isso sem alguém por perto, em um lugar silencioso e calmo. Peçam a Jesus, e terão auxílio.
Nunca estamos sozinhos. É no que acredito, muito embora eu ainda me sinta solitário ou triste em alguns momentos. Mas são transitórios estes momentos, e ultimamente cada vez menos freqüentes. Tenho feito o que lhes sugeri acima e afirmo que funciona. Ao menos comigo.
Estou buscando o equilíbrio, a serenidade, a paz. Creio que estou no caminho certo para conseguir isso.
Boa semana a todos.

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